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Rogério Beça | Publicado: 13/07/2020 06:37 Atualizado: 13/07/2020 21:27 |
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Re: dilu(ir-se)
Nunca ficar-se.
Sentado no sofá, o Homem nem dá conta que vai como se fosse num comboio a alta velocidade, num planeta chamado Terra. A sua presença nesse planeta é o mundo. A diluição é um momento água. Qualquer substância em pequena quantidade, em contacto com a água, funde nela até um momento crítico que se chama de saturação. Mas basta de falar do título. Apresentas-nos uma prosa poética muito bem feita, cheia de figuras de estilo e aprumo. A metáfora da diluição entra na segunda linha em que a substância é o sujeito poético e a água são os pensamentos. Devemos pensar, e o pensar ser um elemento volumoso na nossa vida. Uma pequena parte de nós embebida em muito pensamento. O sujeito poético não é indiferente às emoções, e aos conflitos interiores que o pensamento tenta resolver como vem explicado neste excerto "...Nem sempre é de remanso tal mistura; às vezes efervesço em soluções ambíguas, e entro em desespero sem saber o que está no avesso...". Há uma clara universalidade nestas indecisões, nos duplos sentidos do sentir. O diluir-se chega com a esperança no final. Ainda que saiba que é todo um processo ilusório que permite avançar no dia-a-dia. Porque a alternativa é morrer. Na morte há poesia, mas não poemas. bj |