Perco-me sempre nos caminhos curtos,
nos mais longos
ando às aranhas, busco mariposas, corro.
Como se procrastinasse o destino.
Ao virar de cada esquina
encontro versos com que converso,
tiram-me o sul e dão-me o leste.
Como se o Sol fosse só poente.
No horizonte, tão horizontal,
junto passos
de caracol de lebre...
E perder-me é só mais um pouco,
é
uma febre.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.