Pertenço
àquela legião de patetas
que nasceram para acreditar.
Nasceram
para se desiludirem
e acreditam que só podem prosseguir,
ao perdoar.
Que viram
o lado de dentro da desilusão,
mastigaram
a amargura,
esquecendo de a engolir.
Sou
daqueles que olham para as qualidades,
ignoram as gralhas,
escolhem o valor.
Depois,
levo a pancada certa
punho fechado,
mão aberta,
um pouco mais de mim
engulo…
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.