Poemas : 

Al Berta à tona

 
Perguntava-se
no fundo do copo
o mesmo que à tona

a átona sílaba de mais um estar;
tinha-lhes a dor, a afeição, a aflição,...

adora a discrição.
tinha-a nos monossílabos, não em todos

Na folha de vidro fosco havia um espelho encardido,
um rosário orvalhado
impróprio a reza,

era um espelho meu
duma fábula sem bicho,
que não o bicho-Homem, rijo, caduco
como caruma seca, palha de mato maluco

melancólica
a sílaba tónica
só.

é dó, trovão,
é má cá na terra
ré de perdão

busca em si mais um verso, mais um verbo
mais um brilho-filho-prisão,
mas, hoje
nem um
sorriso.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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