Perguntava-se
no fundo do copo
o mesmo que à tona
a átona sílaba de mais um estar;
tinha-lhes a dor, a afeição, a aflição,...
adora a discrição.
tinha-a nos monossílabos, não em todos
Na folha de vidro fosco havia um espelho encardido,
um rosário orvalhado
impróprio a reza,
era um espelho meu
duma fábula sem bicho,
que não o bicho-Homem, rijo, caduco
como caruma seca, palha de mato maluco
melancólica
a sílaba tónica
só.
é dó, trovão,
é má cá na terra
ré de perdão
busca em si mais um verso, mais um verbo
mais um brilho-filho-prisão,
mas, hoje
nem um
sorriso.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.