Espantoso como, mesmo após tanto tempo, a sensação ainda era ridiculamente familiar. A fumaça, a tragada... Era como se o intervalo de quase meia década simplesmente não tivesse acontecido. Como andar de bicicleta, alguns diriam.
Uma bicicleta mortal.
Recostei-me e soltei a fumaça pelo nariz.
Sempre gostei de fazer isso.
"É como voltar pra casa, hein?", a voz em minha cabeça diz.
— Não se anime, é apenas temporário. — falei. A falta de convicção em minha voz me deixou envergonhado.
"Claro, claro...", ela retrucou, jocosa.
Findado o primeiro cigarro, combati a vontade de imediatamente acender outro.
"Bem-vindo de volta", ouvi, num tom quase afetivo.
Estava atrasado para um compromisso. Apanhei a carteira e as chaves.
O maço não precisei pegar.
Já estava em meu bolso.
Após anos como um veterano das guerras do fumo, percebo-me de volta às trincheiras.
Louco como um chapeleiro
Hello darkness, my old friend