PEQUENA PASSAGEM
(Davys Sousa)
Estava, eu, na Avenida Maranhão
Sem qualquer perspectiva de vida ou reflexão.
Na calçada fria e antiga uma criaturinha alegre,
Agitada e meio curiosa para conhecer o Mundo
Com seu caminhar exótico, diferente, engraçado,
Com sua pequena cauda soerguida.
Criaturinha exótica!
Tinha levemente a aparência de um rato,
Mas era maior que qualquer rato.
Selvagem por natureza!
Mas ansiosa pelo Mundo,
Agitada para outra realidade
Em busca do desconhecido,
De um novo Mundo, retirou-se das sombras,
Das águas escuras, de longe de seu doce lar
A beira das margens do Rio Poti.
Sua sede por um caminho escuro e renovador.
Decidiu, ela, abandonar a calçada da Avenida Maranhão
E atravessar a rua, correndo, correndo,
Correndo com tamanha pressa.
Mas, a nova vida, um novo Mundo não lhe foi concedido.
Um carro sem que o motorista avistasse a pequena criatura exótica
Tirou-lhe a vida... Últimos suspiros, ela tinha, para remexer-se no chão,
Antes de se transformar num corpo inerte.
É! A vida é realmente frágil.
“Viver é perigoso!”
Para ela, a vida, o Mundo era uma novidade
E a alegria que continha em seu corpinho
E seus passos para evitar o inevitável.
Para a criaturinha exótica,
Apenas, restou-lhe a carcaça jogada e amassada
Pelos veículos neste seu dia obscuro da vida.
Um ar que prende a linha tênue
Que todos nós carregamos, do que nos resta.
Davys Sousa
(Caine)