Esse poema é de 2013
Foda-se, escrevi em 2020
Faço em autorreferência
Esse é o poema do ano seguinte
Vivo de fé incauta
Na minha alma a rebeldia
Entre drogas moralistas
E overdoses de hipocrisia
É que eu tenho medo de crescer
Nesses versos de bon-vivant
Engodo
Tipo a lucidez sarcástica de Peter Pan
Conto as histórias dos outros
Na lírica construo as minhas
Porra!
Ninguém entendeu o poema das entrelinhas?
Continuo nonsense
Buscando por liberdade
No meu calendário dos egos
Convivo com a insanidade
Invento-me, reinvento-me
Tudo na imaginação
Fiz um soneto pro tempo
E outro em autodesconstrução
De constructo confuso
E metafísicas dadaístas
Devoto às minhas dúvidas
O poema das metáforas niilistas
Eu sou das coisas breves da vida
Essa é minha oração pro universo
Faço meu projeto progressivo
A progressão em sentido reverso
Ainda sou purismo, sou obscenidade
Sou indulgência, sou intolerância
Sou versos de um crime
Subjetiva ignorância
Nessa noite tudo será silêncio
A madrugada é meu abrigo
Sem fazer sentir, sem fazer pensar
Meio termo, entre o crime e o castigo
Isso tudo é sobre a indiferença
Não bifurco meu consciente
Sou minha própria contradição
Meu eufemismo deficiente
Abrigo-me entre desabafos
Minha liberdade de expressão
Polivalência existencial
Entre sentimentalismo e razão
Sou só um néscio neurótico
Me guardo, resguardo, reedifico
Tô brincando de ser poeta
Nos versos me identifico
Em guerra de ego
Minha raiva se mantém calma
É a transcendente arte
A arte de escrever sem alma
Plagiaram meu silêncio
Eu tô gritando desde cedo
Eu nasci desconfiado
Mentira não mete medo
Indireto e subjetivo
Não demonstro meu sentimento
Frieza é solo fértil
Não faço racionamento
Não busco meu paraíso
Tão limitante, dá pena
Em inferno de retardado
O diabo é mentalidade pequena
Não nasci pra solidão
Mas ela nasceu pra mim
Minha alma papel em branco
Livre arbítrio o estopim
São mímicos passos
Elegia dos insensíveis
Meu passado em lacunas
Pesadelos irreversíveis
Algures o silêncio
Minha loucura bem conduzida
Eu tinha medo de morrer
Hoje a morte guia minha vida
Rasuram sonhos avulsos
Elos frouxos e paz ausente
Plantam amores turvos
Uma vida não é tempo suficiente
Na ironia a maior virtude
Meu argumento não perde a hora
Moro tão dentro de mim
Que não consigo viver lá fora
Fiz uma ode ao silêncio
O epigrama da verdade
Fiz um hino à paciência
Eu converso com a eternidade
Eu quero o que eu sei
Não sei o que eu quero
De intelecto sinuoso
Na ansiedade eu me desespero
Autoestima ou arrogância?
Isso é autodefinição
Amor próprio ou egoísmo?
Isso é autodestruição
Jeferson