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metapoema oco - auto-retrato

 
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Tinha papas na língua,
enrolava-a na boca suja
de pudor.
Nunca perdia um combate, nem luta,
nem saía da gruta seca onde morava.

Rabuja
dia sim dia não, sem ardor
e executa
pela calada, cova funda, escava.

Tinha e tem
os dois verbos que conjuga
num tempo sem futuro.

E sabe bem
que a sua fuga é contra o muro.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

Porco é que será que decidi republicar isto a 12 de Março de 2022?
 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
Esqueci
Publicado: 11/06/2020 17:33  Atualizado: 11/06/2020 17:33
Membro de honra
Usuário desde: 02/11/2019
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Mensagens: 585
 Re: metapoema oco - auto-retrato
Para certas coisas nunca há saída. Merecia mais comentários!
Abraço irmão