Aqui
impero,
sou tirano e tinto,
nesta página plena de Branco
o que consinto, o que penso, sou soberano.
Num mundo feito de agoras meus
não há um só segundo de demoras,
ou minutos de direito, apenas horas
para tudo,
para tudo sou deus.
E mudo
nas letras e nas caras.
(re)Tiro as consoantes antes, as vogais,
dou-as ao vento e à luz,
à água e à sede.
Aqui
impero
de voz na mão.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.