<FONT COLOR="#cC3500">*Um Show no Aterro*
Aterro, nós conhecemos é um local aberto freqüentado por todas a classes sociais, ao ar livre. Estou referindo-me ao Aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza, onde há realizações de eventos sociais tendo a areia como piso natural; o espaço como limite; o teto, o belo Céu em campo aberto. Bela paisagem. À esquerda o desfile dos prédios com apartamentos luxuosos no calçadão e ao lado esquerdo a fantástica beleza do mar, em plena tarde, o por do sol beijando as águas e as ondas arredias, num vai e vem como um balé interminável.
Foi neste local popular que recebemos O rei Roberto Carlos para comemorar o aniversário de Fortaleza, 13 de abril, com seus 282 anos de lutas e glórias. Poderia ter sido num local fechado, para atender apenas as classes mais favorecidas financeiramente. Minha sobrinha convidou-me, recusei, pensando. Não, gosto do Centro de Convenções, Ginásio Paulo Sarasate, Marina Park, Teatro José de Alencar etc... Acho um perigo toda esta gente lá no aterro, mas pensei também, por que não? O povo precisa comemorar sua cidade e não só determinadas classes sociais. Vou, será mais uma ventura e experiência de vida.
Chegamos cedo, dezessete horas e o show estava marcado para as vinte horas e olha lá se começaria! Esperar este tempo em pé seria cansativo demais. Havia poucas pessoas, com intuito de guardar os lugares próximos ao palco. Observando o local imenso, as pessoas já se encontravam à moda de piquenique. Sentados na areia, isopores com bebidas e nós fizemos o mesmo.
As pessoas chegando e o aterro, segundo as estatísticas anunciaram 600 mil pessoas em pé num sufoco angustiante. O comércio dos vendedores ambulantes fez a festa, gritando seus produtos com a venda de pipocas, bonés e fitas para o cabelo, com o nome do rei, pulseiras e colares com um brilho transparente e colorido, refrigerante, algodão doce, maçã do amor.. Uma equipe de jovens distribuindo panfletos, contra a dengue e outra da oposição. A prefeita Luizianne gasta dois milhões num show enquanto a dengue ataca violentamente a população.
O local estava bem protegido, não houve nenhum caso de agressão. Havia a segurança de 326 guardas municipais, 11 da defesa civil, 15 torres de observação, uma com salvamento aquático, 32 câmeras filmadoras, um delegado e um escrivão. Em destaque, na primeira fila mais de trezentos deficientes com acompanhantes sob a responsabilidade da prefeitura da vinda e retorno para seus lares.
-Tia quero ir ao Banheiro. Meu Deus como chegar ao banheiro químico, atravessar aquela multidão!
- Menina faz pipi à moda do homem, em pé mesmo deixa escorrer nas pernas, ninguém vai ver mesmo. Não quis e fomos de mãos dadas, do contrario, a dispersão seria inevitável. E lá fui eu de salto alto em pleno mar de areia, ela descalça, pisando em cima de latas e garrafas vazias e todo lixo que aparecesse sob o olhar invisível ao objeto. Não senta no aparelho, é melhor criar varizes nas pernas...
As vinte e uma horas o rei aparece, recebido com gritos, aplausos, choros, risos e a garganta da platéia sem voz de tanto gritar e aplaudir. Foi uma hora e meia de show e todos com sorrisos e elogios retiraram-se após, sem nenhum transtorno, que pudesse denegrir a imagem de um povo carente de lazer. No retorno e engarrafamento foi de praxe entre coletivos e automóveis.
Assim mesmo, depois de apreciar um resultado satisfatório e o contentamento de um povo, que têm o mesmo direito a moradia, saúde, alimento, LAZER e vida saudável, a ventura foi gratificante, a experiência um aprendizado, mas prefiro um bom auditório coberto.
Sogueira</font>
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