Não, Núbia, não foge que o tempo mata
A mais pequena e a mais gigante criatura
Assim como há de te levar toda formosura
E há de tornar-te os fios de ouro em prata.
Os teus olhos, hoje duas esferas azuladas,
Deixarão de ser duas estranhas estrelas
Assim um dia há de te fugir toda a beleza
Por isso cuidado com as terrenas ciladas.
As mãos, Núbia, níveas e amigas minhas,
Serão recordações das noites enluaradas
Quando com as minhas mãos entrelaçadas
Confeccionavam luas em estrelas marinhas.
Se de tudo sabes por que assim me maltrata
Deixando-me em noite tenebrosa e escura?
Eu que tanto amor depositei ( o que hoje te falta)
Dentro do teu pobre peito feito de rocha dura?
Foge! Foge que mesmo assim o tempo te mata
Levando embora toda tua formosura, Núbia,
De forma lenta, de forma feroz e dúbia,
Tornando-te os finos fios de ouro em prata.
Gyl Ferrys