Enviado por | Tópico |
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visitante | Publicado: 25/05/2020 20:50 Atualizado: 25/05/2020 20:50 |
Re: O céu... não é o caminho
Maravilhoso!
Abraços |
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Enviado por | Tópico |
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Margô_T | Publicado: 26/05/2020 10:24 Atualizado: 26/05/2020 10:25 |
Da casa!
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Re: O céu... não é o caminho
Um poema cifrado com uma boa escolha de vocabulário (poético) e com imagens interessantes que guiam o olhar do leitor. Destaco estes dois trechos:
"os ossos quebrados engessados" "os teus sonhos resgatados dos escombros" Saliento o ritmo e a sonoridade destes trechos. Os Ss em todas as palavras contribuem para um certo mistério sussurrado que dá uma ambiência especial aos trechos. Propositado e/ou intuitivo, o efeito sente-se e agrada. |
Enviado por | Tópico |
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Rogério Beça | Publicado: 30/05/2020 04:15 Atualizado: 05/06/2020 07:37 |
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Re: O céu... não é o caminho
Gosto de verbos no infinitivo.
"... sarar...", "...pingar...", "...acordar..." afinal são só 3, pareciam mais. Mas essa ilusão é forte, quando poucos verbos parecem muitos. Depois há ainda a questão da ordem, o sarar está no primeiro verso, o pingar sensivelmente a meio e o acordar é a última palavra. Acordar no fim é duro. Engraçado. Sobre o sarar, acho-lhe imensa graça também porque parece derivar do nome próprio Sara, que tem uma componente bíblica memorável, a mulher que pariu já idosa (salvo o erro), ou deu à luz. "...os ossos..", "...os sonhos...", "...os olhos...", “...os braços...” Uma curiosa associação física e metafísica, estando novamente por ordem mas cruzando-se, como numa rima interpolada: ossos com braços, sonhos com olhos. Há uma ligação de duas palavras que me deixou um sorriso (gosto de sorrir quando leio, quase tanto como rir ou chorar): “...pingar mar...”. É impressão minha ou consigo ler armar? Ping armar. Pode ser da hora. Armar o amor como é sugerido no poema é muito poético. Como se defende o amor? Atacará? Será imóvel? O que é? Perguntas é algo mais que gosto em poesia que gosto. Na transição do ultimo monóstico para a última estrofe há um momento que me capta, a repetição do “...agora...” Ando farto de escrever sobre o agora. É apenas o tempo que mais gosto e menos tenho. Tenho já algum passado e terei muito futuro, agora, agora... Mas a separação, feita com tanto cuidado chega a ser assustadora. Obriga o leitor a parar. No Agora. Mas acabemos de falar de estruturas e detalhes de menor importância. O tom do poema é de esperança. Começa com um acidentado gesso (a aliteração nos SS é gigante) depois de uma “...ferida...” que pode ser o sujeito poético ou um golpe na carne. Mas com o “...sarar...” marca desse tom. Cura, cicatrização, levante, recomeço, é tudo o que me parece este poema. Os “...sonhos resgatados...” (bela ideia) continuam até ao fim a missão de enfrentar, ou seja, seguir em frente. Um dos favoritos é meu e conseguiste arrancar-me um segundo comentário. Obrigado por me lembrares que há poesia aqui. Estava a precisar |