Fôssemos nós, nós entrelaçados
Entre estrelas laçadas e cadentes
Ou, se, fôssemos nós e (nós somente)
Fôssemos dois bêbados sem dentes...
Sei lá. Se fôssemos nós dois diabos
Num inferno escaldante e efervescente
Nos encontrando e fôssemos (nós somente)
Um misto de auroras e de raios cósmicos...
Se fôssemos dois amantes dos desejos
Reprimidos e dos sonhos não sonhados
Que não se perderam num mar de beijos
E que se encontram nos sonhos, ilhados...
É neste oceano que me estico e te aceno
Esperando tua nau como minha embarcação
Salvadora ou mesmo uma tábua, uma corda...
Mas o oceano dos nossos sonhos é tão pequeno!
Fôssemos nós um pouco disso ou muito mais
E nossos sonhos fossem dois lindos anjos gregos
Não poderiam ser os nossos sonhos pesadelos
Das ilhas de Lesbos, Creta, ou de igrejas e vitrais...
Já nem percebo mais o que, por hora, eu te escrevo
Os versos secos vão saindo feitos velhos morcegos
Advindos de uma famosa Caverna de mitos platônicos
Numa mistura de complexos projetos arquitetônicos...
Mas nas amplitudes tectônicas das escalas dos meus tremores
Perdi-me naqueles sonhos não sonhados e nunca vividos
Sem ter te trazido nem um vestido ou um buquê de flores
Nestes versos frios que lhe vão desta forma tão mal.. Tecidos!
Gyl Ferrys