Poemas : 

EU - QUANTOS?

 
EU:
Tive um sonho louco, dos mais malucos possíveis.
Sonhei que debaixo das máscaras todas as pessoas se pareciam comigo.
Eram Eu.
Um menino pedindo esmola, tinha a minha cara e os meus cabelos brancos.
A senhora da banca de revista com sua máscara rosa, era eu.
Um mendigo na porta do mercado...Lá estava eu.
Também era eu o moço debochado e sem máscara que ria da moça da farmácia...
Ela por sua vez, também eu.
Lá estava eu no carro bacana xingando o motorista que eu era.
A mulher grávida que eu era, estava em pé dentro do ônibus e olhava para mim, um adolescente distraído que não estava nem ai.
Lá estava eu fazendo cara de machão ridicularizando minha versão travesti.
Também me vi negro sendo destratado por mim - uma senhora branca com dedo em riste.
Para todos os lados que olhava lá estava eu interagindo comigo.
Brigando, amando, sorrindo, chorando...Morrendo.
Em toda parte me via.
A raça humana era Eu.
Acordei de repente e abri a janela do quarto para ver o real.
E sorri ao me reconhecer em todas as coisas e seres do Mundo.
(Proteus).

QUANTOS?
Quantos Antônios?
Quantos Josés, Rogérios, Pedros, Arnaldos, Alfredos, Brunos?
Quantas Patrícias, Martas, Wilmas, Zilás, Simones, Raquels?
Quantos Marcelos, Jorges, Andersons, Alexs, Manueis?
Quantas Ritas, Rebecas, Wanias, Franciscas, Selmas?
Quantos idosos?
Quantas crianças?
Quantas mulheres negras, brancas, índias?
Quantos jovens de todas as partes?
Quantos mais?
Trinta mil?
Quarenta mil?
Cinquenta?
Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos? Quantos?
(Proteus).



 
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PROTEUS
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