Poemas : 

O sal não secará ...enquanto houver almas sangrando a raiz

 
 


a lágrima

retida na retina




a fala

presa na esquina da língua




um breve acenar de ombros


naquela

inaparente

despedida



depois …




depois…




depois de virares a caminhada com as costas

o mundo que conhecia

desmoronou

o peito

e um mar…


que não sabia

que cabia cá dentro





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eir
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 21/05/2020 15:40  Atualizado: 21/05/2020 15:40
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Mensagens: 2123
 Re: O sal não secará ...enquanto houver almas sangrando a...
Acho que o título é o ponto fraco do teu poema. Há qualquer coisa, que não sei explicar, que destoa. Talvez o uso da alma, como lugar-comum... Não sei.

Começas a primeira estrofe muito bem, com uma aliteração intensa, "...retida na retina...".
A ligação entre lágrima e o sal do título é logo feita.
Na retina vai ficando o poema na segunda estrofe.
Há muita similitude entre "...esquina..." e verso. Assim como em canto e verso. Ficar na "...esquina..." ou no canto tem a ver com versos, a meu ver. "...a esquina da língua..." coloca-nos, em parte, à margem de algo, como se fosse marginal, leviano.

O acenar de ombros que deduzo que seja um encolher (não têm os ombros assim tanto movimento) é um sinal claro de conformismo.

Esqueci-me de falar do tom deveras melancólico que impões com cuidado, com jeito.

Que aparece nos "...depois..." espaçados, dando ao leitor espaço para absorver essa mágoa da despedida.

Existem sempre sentimentos que nos servem de lição. Pessoas, paixões, separações...
Precisamente quando achamos que passámos por tudo, que nada nos pode atingir, vem sempre mais um raio, ou no teu caso, um mar, para nos ensinar.

Abraço

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