Poemas : 

derisório

 
nunca mais
me viste, vês ou verás sorrir

perdi esse predicado
o corpo do sujeito
nas frases, epístolas que guiam o que penso

na minha boca restará só a fome
a coberto do deserto de abril.

E até ao meu dia de finados
amaldiçoo, amaldiçoei
e amaldiçoarei
cada instante

ingrato
gloriosamente ingrato

espera-me carpir
no lugar do sorrir


para a Leo


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

perder
é o que há
a fazer...
 
Autor
Rogério Beça
 
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