Nas coordenadas e nas abcissas
dum carreiro já gasto
feito de desbravar
é o passo de luz, o posso?, dá licença?,
e todas as delicadezas insubmissas,
território vasto
feito de e para o par,
desatino forma e fôrma de doença.
Duma firmeza leve, subtil,
sobretil no traço,
povoada dum disfarçado orgulho
e dor,
grassa vezes mil,
vê-se na pele e do espaço,
ousado mergulho,
caridade, claridade, ao dispor.
Vive, contudo, no fogo,
é coisa dum deus e do diabo,
dum suspiro, da luz num sorriso
na noite, e no escuro...
É o momento final do jogo,
esperança sem bom cabo
e falta de juízo,
é receio duro e puro.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.