Textos : 

Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora - Fundação

 
Sendo de interesse público dos irmãos da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora e de todas as pessoas em geral, a direcção da Real Irmandade informa que, encontrou no livro Estudos Eborenses de Gabriel Pereira, obra de 1887, numa pequena mas importante referência à Igreja de Santo Antão, actual Sede da Real Irmandade, o relato da chegada da Sagrada Imagem de Nossa Senhora da Saúde à nossa igreja/sede, o inicio do culto e o principio das festas e procissões em sua honra dentro da cidade de Évora.
Segundo esta Obra, o culto a Nossa Senhora da Saúde dentro de Évora teve inicio com a chegada da Sagrada imagem de Nossa Senhora, às mãos dos seus mordomos, à igreja de Santo Antão, no ano de 1816.
Segundo outros autores como Frei Agostinho de Santa Maria (1720), o Padre Jesuita Francisco da Fonseca (1728), António Francisco Barata (1904) e Túlio Espanca (1957), o culto é muito mais antigo remontando ao ano de 1578 (Séc. XVI), tendo vindo do pequeno conventilho de Santa Margarida do Aivado nas imediações de Évora, a caminho de Arraiolos, onde os frades Paulistas a já veneravam, bem como a cidade de Évora e seus arredores. Uma lápide no topo da capela da Quinta de Santa Margarida do Aivado invoca ainda uma antiga Irmandade da cidade de Évora fundada no Séc. XVIII, naquele lugar, dedicada à Santissima Virgem da Saúde.
O texto do afamado Escritor Gabriel Pereira afirma com segurança e exactidão que a imagem chega à igreja de Santo Antão no Terceiro Domingo de Julho de 1816, começando desde então a realizarem-lhe uma sumptuosissima procissão em Évora. Inclusivé Gabriel Pereira afirma que a Senhora da Saúde foi tida, desde então, como a Padroeira do Comércio local. Ocorre por essa altura o ano da morte da Rainha D. Maria I, meses antes, a 20 de Março, no Brasil , tendo passado D. João VI, de imediato, de Príncipe regente a Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e dos Algarves. A corte permaneceria no Brasil até 1821 e as consequências das invasões Francesas, terminadas em 1811, ainda eram uma realidade no nosso pais.
Foi uma época dificil e conturbada a que envolveu a transição deste culto Mariano para dentro da cidade de Évora. Entre o fim das invasões Francesas, a morte da Rainha D. Maria I, o inicio do Reinado de D. João VI e a permanência e regresso da familia Real do Brasil.
Foi num tempo de transição, num tempo de passagem, passagem de um tempo a outro tempo, foi assim que este culto tão especial ganhou raizes no centro histórico de Évora.
Consta também, segundo Gabriel Pereira, que o altar de S. Roque na Igreja de Santo Antão (actual altar de Nossa Senhora da Saúde, à esquerda da Epístola) foi o escolhido para então ser readaptado, recuperado e ornamentado para receber a imagem de Nossa Senhora sendo-lhe posteriormente dedicado até aos dias de hoje.
Infelizmente as festas em honra da Virgem e a centenária Procissão que já tinha sido interrompida em 1910 com a implantação da Républica e retomada mais tarde em 1934, foi novamente interrompida em 1974 por questões politicas, já que, era o Exército e as forças militarizadas da cidade quem a promovia . Porém, e, desde então, todos os anos, a imagem era descida do nicho, vestida e adornada pelas fervorosas Aias que mantiveram durante anos, através desse gesto, o culto a Nossa Senhora. Era ornada de belos vestidos, joias e flores, era-lhe realizado um triduo e uma missa solene com Unção dos Doentes, regressando em seguida novamente ao nicho do altar até ao ano seguinte. Foi assim por mais de 40 anos.
Em Julho de 2018 um grupo de jovens recupera a procissão de Nossa Senhora da Saúde de Évora com o apoio do Sr Reitor Padre Manuel Maria Madureira da Silva, Prior da Igreja de Santo Antão, Chanceler e Cónego do Cabido da Sé de Évora, que, se vem a tornar, mais tarde, no primeiro Capelão da recém constituida Irmandade. Era Arcebispo de Évora D. José Sanches Alves no exercicio do seu último ano ao serviço da Diocese de Évora como Arcebispo. Em Dezembro de 2018 (dia 8) são aprovados os primeiros Estatutos que constituem a Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora e, que, empossam os seus primeiros Corpos Sociais. Era já Arcebispo de Évora D. Francisco José Senra Coelho que assina e homoluga o documento em favor da Irmandade. Em Julho de 2019 S.A.R. D. Isabel de Heredia de Bragança, Duquesa de Bragança, a convite dos Corpos Sociais da recém constituida Irmandade, toma posse como Aia de honra de Nossa Senhora da Saúde de Évora , e, mais tarde, ainda em Dezembro de 2019 (dia 8), S.A.R. o Sr. D. Duarte de Bragança, Duque de Bragança, assina em Vila Viçosa, o decreto de alvará que vem a conceder à Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora o titulo de Real Irmandade.
Desde então, passaram a ser Armas da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora as iniciais "AM" (Avé Maria) em dourado com fundo azul dentro de um Sol Radial (Simbolo que pontifica no retábulo do altar de Nossa Senhora da Saúde de Évora por cima do nicho onde se encontra o seu Oratório na Igreja de Santo Antão) encimado por Coroa da Casa Real Portuguesa conforme manda a tradição. Apoiam as festas o Exército, a G.N.R e a P.S.P. de Évora.

Ricardo Maria Louro
Juiz da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora.


Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
Autor
 
Texto
Data
Leituras
553
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.