Caminho
Caminho por esta estrada de terra batida.
Tristemente bela e ladeada de árvores ela se apresenta.
Compreende meu olhar e me acompanha.
Sorri como desejando alegrar meu coração.
Indiferente, sigo adiante.
Insiste em me ajudar com o canto de seus pássaros.
Inútil.
Ando sem nada enxergar, nem mesmo a beleza de suas folhas.
Inconformada, ela termina.
Paro.
Retorno.
Recaminho pela mesma batida estrada.
Sem perder a esperança, lança no ar uma luz.
Enorme.
Assusto-me.
Ela percebe.
Mais passos, dou.
Agora, ela grita.
Seu som ecoa por entre os galhos que balançam.
Tenho a impressão que deseja me abraçar.
Impossível.
Não há sentimento neles.
Continuo.
Agora, em largas e rápidas passadas.
Receosa.
Temendo que algo ruim me atinja, ela sopra forte um longo vento.
Caem no chão-poeira-seca umas minúsculas gotas.
Rapidamente estou novamente a caminhar.
Corro.
Sinto dor nas pernas, nos pés, nos braços, na alma.
Não desisto.
Continuo a caminhar.
Sempre.
A estrada não termina e insistentemente o caminho está aqui e ali.
Alexandre Sansone
06.07.2008