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A minha arte é ser eu

 
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Fernando Pessoa, como muitos dos humanos que nos habituamos a admirar, sem dificuldade e até a cultivar, tal é o fascínio que exercem, pela obra e pelo que foram/são, é criação dele próprio, é uma obra de arte de si próprio, e tinha plena consciência disso, ao declarar "A minha arte é ser eu".
Quem diria melhor? E merece que se fale dele e da sua obra.
A toda a volta da rua onde sentaram a sua estátua, podiam revestir as paredes exteriores com frases e versos que ele escreveu, que não falta material de beleza e riqueza inigualáveis.
Era um homem que vivia, como qualquer um, dentro do seu universo, de uma narrativa pessoal e social muito própria e, no caso de Pessoa, muito especial, de que parecia ter o comando, os objectivos, os mapas, os instrumentos, o leme e a consciência aguda disso e do que tudo isso representava em múltiplas perspectivas plausíveis, incluindo a dele (que eram várias).
Não tinha nada de desgraçado e era feliz, à sua maneira, porque não se sentia frustrado e adorava a cidade palco, Lisboa, ou espaço de interacção, representação dos papéis que ele, com incrível determinação e lucidez, escolhera e criara para si.
E sentia-se como peixe na água dentro da sua própria narrativa.
Muitos dos sentimentos e dos pensamentos que todos temos e frequentemente expressamos, como mundo oco e arbitrário, cercado de gente mas solitário, ficarei contente neste mundo sem gente de repente...Fernando Pessoa, pura e simplesmente, não conhecia.






 
Autor
Carlos Ricardo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/05/2020 19:53  Atualizado: 10/05/2020 19:53
 Re: A minha arte é ser eu
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