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Ignoro o trajecto

 
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Ignoro o trajecto
o caminho trilhado o proscrito e o proposto.
De seio aberto em gema pálida
empurro ilhas do silêncio
areias de deserto
e delas, o tempo ignoto
os astros cabisbaixos
em cada letra que m’ecoa tatuada em fungos
azougados
meninos
travessos
florescentes pontos delineamentos poros em minha pele.

Não sei da malícia da lama
(que a não tem)
se greda é, pó antigo de mim, de ti, daqueloutro e de outrém.

Nem dos verdugos da noite em que te sonho plana
em que te tomo te mimo te embalo
em baloiços de meus braços
dilatados
infinitos
e, em sonhos sou tua, alfim em ti,
não sendo na realidade deste tempo e de ninguém.
E que, em cio e brame d’olímpico gozo,
em fome d’alma
grito o prazer de todos os peixes
de todas as aves
de todas as flores
de todas as ninfas, divindades d’água d’um mar ditoso,
no momento exacto do acasalamento
do reencontro
sendo prolixidade taça ébria néctar fino
de pretérito
calcado
pisado
fruto mosto.



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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Pedra Filosofal
Publicado: 14/04/2008 21:01  Atualizado: 14/04/2008 21:01
Colaborador
Usuário desde: 17/09/2007
Localidade: Barreiro
Mensagens: 1273
 Re: Ignoro o trajecto
há uma coisa que eu não ignoro. A qualidade do que escreves! ADOREI!!!!!!