A arte, qualquer que seja, é incompatível com a pressa. Os nossos tempos elegeram o maior inimigo das artes, a velocidade, como vector determinante, de tal modo que o que quer que seja que não seja veloz, passa ao lado, passe a expressão, não merece que se "perca" tempo. É assim, mormente, desde que o tempo passou a significar, ou a ser considerado, e não apenas a valer, materialmente, dinheiro "Time is money".
Até o pensamento, se não for rápido, que fosse. Ninguém espera por um pensamento ou uma ideia. Tudo tem de estar preparado e embalado. Pré-fabricado.
Com o tempo dinheiro, também o espaço sofreu uma incrível contracção.
Mas tudo se agravou mais para as artes e as contemplações.
E para as plantas, que parece que não crescem e não podem voar, senão quando um vendaval as arranca e as transporta para algum chão em que, por sorte, criem raízes.
Uma vida já não se mede em dias, meses ou anos, mas em quantidade de moeda equivalente ao tempo "gasto" para a sustentar, que é considerado "perdido" se não der retorno.
E é assim tanto com a vida dos bichos, como com a vida das pessoas.
Criar riqueza hoje tem um significado muito retorcido. Um incendiário pode ser um criador de riqueza. E um consumidor de combustíveis também, assim como um vírus mortífero.