Cala madrugada
Permanece assim, calada.
Não reveles os segredos dos amantes
Que da lua se escondem
Ardentes
Errantes
Que desvelam segredos escusos
Obscuros
Confusos
Obtusos conceitos que guardo em mim
Não permitas que o orvalho desça
E permaneça
Gelando as folhas
Lavando as almas
Escusando falhas de causas perdidas
Escondendo atos sem significado
Das senhoras honradas
Incendiando fotos não mais permitidas
Ocultando provas dos desejos velados
Que outrora seriam corajosos atos
Mas que hoje não passam de insanos pecados
Portanto, amiga madrugada
Sê gentil
Permanece calada
Não derrame na calçada o que se teme revelar até ao pensamento
Não desmanche assim o brio
Vazio
De quem pode nem saber o significado desse desvario
Obrigada, pois calada
Nobre e gentil madrugada
Permites que a criança não fique assustada
E que o adulto não se desmascare
E deixe de ser o herói
Dos contos de fada que a fazem ninar
E lhe permitem permanecer a sonhar
Até o dia em que ela mesma deseje seu silêncio.