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Re: NA MORTE DE HILDA HILST, POETA BRASILEIRA, MINHA AMIGA, p/Bruno Sousa Villar
Meu querido Bruno,
Você não sabe o quanto me pôs feliz ao comentar que gosta de Hilda Hilst. Foi minha grande amiga. E muitas vezes, em sua casa, chorou para mim, lamentando que ninguém conhecia a sua obra ou que achavam seus escritos difíceis, quando não imorais. Hilda, apesar de viver numa chácara com mais de cem cães, quase todos apanhados nas ruas, morreu pobre. A Universidade de Campinas, que até hoje cuida dos seus animais, dava-lhe uma pequena aposentadoria, como professora convidada. Bastou morrer para que a editora Globo relançasse sua obra toda em prosa e verso. De que adiantou?! Ela não pôde ver um único livro reeditado. Hilda Hilst foi - e é - um dos maiores nomes da literatura brasileira. Mas, a exemplo do que Portugal fez com Al Berto, o Brasil, como disse meu amigo, o poeta Álvaro Alves de Faria, também ajudou a matá-la um pouco. Quanto ao outro HH, Herberto Helder, eu o conheço, sim - sou um amante incondicional da literatura portuguesa, comecei a escrever influenciado por Torga, que descobri na casa de meu avô português. Tenho aqui em mãos o primeiro e o segundo volume de Poesia Toda, de Herberto Helder: "Felizmente estás na pedra e a pedra em mim, ó urna/salina imagem fechada em sua pungência e castidade." Infelizmente, apesar de tão próximos na língua, não há um intercâmbio cultural entre Brasil e Portugal. Considero-me uma feliz exceção, porque vivo na Ebradil, distribuidora de livros portugueses no Brasil, à caça de Casimiros de Brito, Sophias Andresen, Fiamas Hasse Paes Brandão, Al Bertos, Davids Mourão-Ferreira e outros e outras mais que tanto gosto. Há pouco achei numa livraria de livros usados (chamamos sebos) uma preciosidade, que me custou o olhos da cara, mas valeu a pena: um volume com fotografias, ensaios e textos - Um Século de Poesia, (PHALA, publicação trimestral). Presumo que sejam revistas que alguém encadernou e transformou em livro. É um apanhado geral da poesia e dos poetas portugueses de 1888 a 1988. Uma relíquia.
abraços, meu caro.
júlio
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