Poemas : 

nada é sempre suficiente

 
o inquilino duma bolha de sabão,
que se arrenda e bamboleia
à nortada e ao suão,
que, empurrada, acelera e freia,
é ar que se prende à forma fractal
de rasgos cruzados sem ângulo,
enrolados ao curso de um embolo
a falar de uma suavidade brutal.

encher-se-ia de espaços vazados
que, de completos, caíriam amados
reiterando um dizer recorrente
que se diz de boca fechada
com os lábios e todos os lados
agarrados à face dormente
de olhos térreos e cerrados.

quase se vê a realização
mas nada é sempre suficiente
na procura inconsequente
que se tenta e volta a tentar não ser vão.

a moer por baixo o incoerente sabão
fica o outro, o siroco,
o que leva de leveza o ar irmão
flutuando em voo quente e seco...
não pára, não pára,
nenhum pára e a bolha voa
numa insuficiência que se escancara
a nada, que de ar se escoa.

Valdevinoxis



A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/04/2008 23:02  Atualizado: 13/04/2008 23:04
 Re: nada é sempre suficiente
Este poema e o anterior que aqui postaste, são de uma leveza, que é marca na tua poesia sim senhor, mas nunca tão profundamente insustentável, utilizando palavras que já foram ditas...
Maravilhosos poemas Val. De verdade.
Tocaram-me profundamente. E a própria forma não tem forma.
Um abraço amigo. Rendido.

Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 15/04/2008 14:35  Atualizado: 15/04/2008 14:38
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3408
 Re: nada é sempre suficiente p/ Valdevinhoxis
As palavras soltam-se por si só, o texto em si tenta perder o sentido inicial, mas tal não lhe é permitido. À parte de versos muito extensos que perigam o já referido sentido do texto, acho que voltaste a nadar em águas que são tuas.

Abraço