Enquanto as palavras se vestiam de significados paralelos, duvidosos, e se faziam ouvir por uma pequena franja de transeuntes, que as sugavam inconsciente e pacientemente, ele passeava-se por entre os seus ouvintes e fitava-os um a um ao ponto de lhes sentir os calafrios de medo e respeito. Era um psicopata da mente e um mestre na arte de influenciar os pensadores mais frágeis, continuava, assim, a semear a desconfiança sobre as capacidades régias do poder, mutilava a sociedade das classes altas e baixas. Crê-se que acreditava nos dogmas que ele próprio criava e que secretamente esperava que passassem momentaneamente da teoria à prática.
O que não desconfiavam, aqueles que lhe davam atenção, é que, se alguém assim usurpasse o poder, não lhes daria nada do que prometia, pisá-los-ia. Gente como ele, ditadores de corpo e alma, fosse por que razão fosse, trataria todos os outros como peças descartáveis.
Por ali parecia que o mundo estava a acabar. Cada vez que o vento se embalava pelas ruelas, e até mesmo pelos cantos mais recônditos das zonas menos iluminadas da cidade, dos jardins públicos ou dos bairros secundários, parecia que se escondia sempre uma sombra e vários medos. O tempo queimava-se nas areias finas de uma qualquer ampulheta e ele aproveitava-se disso, de tudo isso.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma