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Textos de Quarentena 25

 
Estou a tentar imaginar os pensamentos de quem têm a vida cheia de nada, vagos e silenciosos, estagnados num espaço à parte que se ladeia de outros espaços quase comuns e de outros, que à distância de um olhar ou de um pequeno toque tímido, se afastam em galopante desdenho.
Há também os que julgam ter tudo, mas, quando a realidade os importuna, são pobres, de espírito e de bens materiais, o amor é banal, um sentimento quase surreal, um luxo para os outros, ou de outros.
Há ainda os que têm tudo sem saber o que é tudo, aqueles cuja definição da vida se baseia em míseros números e letras que se amontoam sem sentido.
Há entretanto uma quarta classe que julga que ter tudo quanto baste é ter sempre a razão do seu lado, os auto-proclamados sábios.
De entre tanta loucura dou por mim indeciso. Com a vida cheia de tudo e nada, com alguma riqueza de espírito e, embora poucos, alguns bens materiais, desenhado por letras e números, com e sem sentido, sabedoria o quanto baste para poder dar os meus passos, nem sempre acertados, sinto-me longe e perto. Certo e errado.
Tenho a consciência de que muitas vezes fui posto de parte por não encaixar na perspectiva perfeccionista de alguém. Que há quem me tenha idealizado da forma que não sou, da forma que exigiam que fosse... não sou moldável, mas sou adaptável às circunstâncias quando vejo que estou errado e o outro está certo, reaprendo-me aos poucos. Aos poucos, sim! Tenho altos e baixos, penso, entristeço, alegro, esqueço lembro, memorizo, ensino, aprendo e sinto, porque entendo ter alguma humanidade em mim.
Esta vida serpenteia entre as opiniões de quem acha que as deve ter, dos que se pensam como anciãos e guardiões dos templos da verdade e da razão única. Como se esses templos significassem alguma coisa para mim. Cada um é um templo, um diamante para lapidar. Mas nem todos têm a arte ou a capacidade de, a cinzel, desenhar em mim linhas que encaixem nas suas, são muito poucos os que o podem fazer, mas mesmo esses têm de aprender como. Assim como eu também tenho de aprender como. Somos todos artífices uns dos outros.


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/04/2020 12:16  Atualizado: 12/04/2020 12:16
 Re: Textos de Quarentena 25
Não é fácil, esta vivência, que nos acorda, para esta realidade que todos nós vivemos e que muitos inconscientemente, ignoram.

A frustração é bem maior, quando vemos aos milhares, os mortos, um pouco, por todo o lado, que na sua dignidade, sepultados são, (tão poucos), entre os milhares que são cremados, aos quais, nem os seus familiares, podem sequer, prestar-lhes, a homenagem devida.

Esta é a realidade bem presente, na vida que nos condiciona e que sem fim à vista, à qual, infelizmente, a ela, nos vamos habituando.

Grato pelas suas palavras. Por elas, também eu me alimento, convicto de que um dia, possamos desta crise sair e voltarmos, todos nós, a uma vida normal, (se assim o possamos dizer), sem tais condicionalismos.

Fernando.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/04/2020 12:17  Atualizado: 12/04/2020 12:17
 Re: Textos de Quarentena 25
Não é fácil, esta vivência, que nos acorda, para esta realidade que todos nós vivemos e que muitos inconscientemente, ignoram.

A frustração é bem maior, quando vemos aos milhares, os mortos, um pouco, por todo o lado, que na sua dignidade, sepultados são, (tão poucos), entre os milhares que são cremados, aos quais, nem os seus familiares, podem sequer, prestar-lhes, a homenagem devida.

Esta é a realidade bem presente, na vida que nos condiciona e que sem fim à vista, à qual, infelizmente, a ela, nos vamos habituando.

Grato pelas suas palavras. Por elas, também eu me alimento, convicto de que um dia, possamos desta crise sair e voltarmos, todos nós, a uma vida normal, (se assim o possamos dizer), sem tais condicionalismos.

Fernando.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/04/2020 12:21  Atualizado: 12/04/2020 12:21
 Re: Textos de Quarentena 25
Peço desculpa, por ter repetido o texto, inadvertidamente o escrevi.

Fernando.