O que reina na sociedade hodierna
É uma ordem imperativa de felicidade
Onde temos a obrigação de ser feliz
De estar sorrindo o tempo todo
Em meio as tragédias e injustiças
Obrigados a rir da própria desgraça
Onde tudo é parte de uma grande piada
Sem graça.
A exigência de uma vida feliz
Que ofusca o apogeu de tanto sofrimento
Nas partes mais obscuras das almas
Escondidas nos cantos sombrios da solidão.
Os fantasmas do sorriso alheio
O medo de transparecer os nossos medos
Sufocam as mentes inquietas
Em meio ao desespero humano.
As razões das nossas doenças
Estão por todas as partes.
A busca frenética por aprovação e reconhecimento
Na busca incessante e inescrupulosa
De poder e mais poder
Status e aplausos
Determina a loucura de um mundo embalado
Pela miséria e egoísmo.
A tirania do urgente faz com que tenhamos
Pressa de ter pressa
Que não olhemos para as pessoas a nossa volta.
A violência, a corrupção e as injustiças
Não podem negar a luta de uma sociedade
Corrompida pela ganância de mais poder.
Poderia haver algo que vai além da alma
E que ainda podemos entender?
Devoro livros e mais livros
Na busca incessante para descobrir
Se consigo encontrar uma luz na escuridão.
Por que o medo da morte
Quando a desafiamos descaradamente?
Consumo, consumo e mais consumo
Exploração desenfreada
Que aumenta o quadro de pobreza e injustiça
Enquanto exige-se um sorriso no rosto
Uma aparência de piedade.
O que fazer diante de tanto apelo à felicidade?
Como sobreviver em meio aos lobos?
Será a loucura o único remédio
Para a cura de uma sociedade doente e macabra?
Será a humanidade autônoma da natureza?
O que somos nós sem os rios, sem o meio ambiente?
Sem dúvidas que devemos rever nossa atitude
Em relação ao destino humano
E considerar dar um passo atrás
Pensar alternativas possíveis
Para não destruirmos o único lugar possível
Destinado ao ser humano.
Creio ser possível ir além
Para ver novos horizontes
E esta esperança de dias melhores
Me parece uma bela visão do futuro.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense