Emendo
e remendo
vou errando, ando
de mapa na mão,
sem escala
nem orientação.
Emendo
e remendo
vou acertando, incerto,
o passo, no corpo da escolha, na areia da resposta,
minha, alheia...
Emendo
e remendo
não sem me deslumbrar sobre desilusões,
cumprindo metas, voltando às casas de partida,
jogo limpo, num gasto tabuleiro.
Emendo
e remendo
que me importa a cor e a espessura das linhas com que me teço,
a lã,
ou os tipos de ponto,
sem agulhas?
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.