Poemas : 

aos caídos da guerra

 
há no ar uma boca
com hálito de purga
que não escolhe quem levar
ao poço interior do pranto

entre quatro paredes
o linho acaricia mais um corpo nu
e as sombras somam-se
nas dunas dos dias repetidos

do ontem recortamos flores
às cegas e sem qualquer cor
como algo que ávidos colamos
(ninguém é santo)
entre a febre e um cálice de dor.

seguimos
recusando da realidade, o fim
do verso, do tom, do canto

procura-se a máscara que ajuste
o olho da providência
para tantos enganos, perdições

venham
Hórus, ou a Santíssima Trindade
porque andais, hoje
tão longe da humanidade?


 
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RoqueSilveira
 
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Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 19/08/2022 21:30  Atualizado: 19/08/2022 21:30
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 "aos caídos da guerra" p/ RoqueSilveira