Abstrusas, pernaltas, dengosas
flamingas aves debicam centeio na semente extinta –
rebanhos rosados quais estrelas
caudais fulgentes d’astros
em circum-navegação d’azul p’los tapumes d’um céu.
Ah, se houvera verbo no silêncio da demora,
se tu m’amasses peixe em água
vento em frágua
em laços de carne e recidiva
estonteante
num roçagar de escamas e de pele
num fundir tecidos asas e membranas …
Osmose
Dádiva
Troca
e, de nossas bocas, se desamarrassem simbioses
Cordas
Gemidos de violino
Sonoridades líricas d’harpa
... de todos os campanários, os sinos
na hora alta
na hora louca da demanda e de quimérica entrega
(que fosse …)
para além do Infinito
num soneto branco das linhas pontiagudas de meu canto …
Sabes,
o corpo é uma furna, uma gruta profunda
d’oculta alma...
Um chama profana
Um grito
Um mar de força pura
Um rio de lava e sangue
Um palco
d’actor sempre estreante.
Espeleólogo de ti, ousa,
descende
que, Jardins d’Éden ocultam a sede de tenras plantas
virescências, viços sadios
d'amenidades sacras em Primavera primitiva.
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