Surripiaram-me a vontade de pensar. Amordaçaram-me o peito com aquele arame farpado fininho que dói só de ver e as mãos, entrelaçadas entre si e envoltas numa ignorância fétida choravam-me. O corpo definhava e enrugava-se sem sentir o passar dos anos... era a solidão de estar entre a luz e as trevas, num limbo sem apoios como se fosse um trapézio sem rede.
Já fazia contas sem saber soletrar os números, escrevia sem conseguir somar letras, caminhava sem saber por onde começar. Nada disto tinha fim, nem fim nem nada mais porque o horizonte, aquela linha longínqua estava aqui, era eu.
Sonhava que um dia, se dias ainda houvesse, me libertaria e ganhava tudo o que nunca outro ser havia ganho... algo para ver, algo porque viver.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma