Leva e traz de volta
O ônibus carrega, todos os dias, diferentes pessoas.
Dentre elas e com elas:
Necessidades;
Cansaço físico por conta do trabalho;
O filho que foi preso;
O trauma de infância que impediu de realizar o sonho de aprender a ler, o pai espancava, a cabeça doía e hoje ainda perdura pelas memórias pungentes;
A mulher que sofreu assédio dentro do ônibus.
Roupa não é um chamado!
O estudante com desgaste emocional;
A mãe solo que acorda às 04:00 da manhã para cuidar do filho da patroa;
Os que ignoram as adversidades da realidade;
O rapaz que vende flics para comprar leite para o seu filho e auxiliar nos estudos;
A gentileza baseada na coerção;
O motorista com salário atrasado, desprovido de ergonomia e outros direitos que estão em xeque. A greve é chamada. Outros dizem que é frescura. Ele está em suas garantias.
No final, também há sonhos,
Como o de Luzia: com ensino incompleto, ela trabalha na área da limpeza de uma escola. É preciso lutar mais pela emancipação da mulher.
Todavia,
Ainda cunha consigo o sonho de tornar-se arquiteta,
E do filho, de se formar.
Embarque e perceba o seu habitual.
Adendo: O poema *Leva e traz de volta* foi escrito com base em minhas vivências dentro dos transportes coletivos. Ouvi, vi, observei. Embarque, reflita, perca o ponto de descer...observe o seu habitual!
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