vida, como podes correr sem que eu te siga
como podes cintilar ao longe
e deixar-me a mim na extinta chama
que não arde nem queima mas castiga
eu bem queria tirar tudo de ti
enrodilhar-me de águas e ser lume
convocar tempestades no presente
e ter ainda a calmaria de um perfume
mas meu coração é frágil e tropeça
não sei se o caminho é longo ou terá luz
mas sei que cega nele é que me vejo
a querer que o futuro, me aconteça.
desdobro então estas asas lentas
que estendo no princípio da ilusão
de pertencer ao enorme infinito
que termina sempre que abro os olhos.