Abro a janela e contemplo a paisagem,
No aroma do tempo as coisas me afligem,
Sinto no ar o odor duma pérfida fuligem
Que me traz estranha e ascética mensagem.
Como posso averiguar esse ponto de origem
Se tudo é percepção e não existe linguagem?
Estou diante de uma senil e excêntrica viagem
E, meus sentidos, tudo de mim veem e exigem...
Percebo no espaço os astros que, sós, regem
Uma metafísica onde tudo se sabe e elegem
Os relâmpagos e os trovões que me rugem...
Palavras que se perdem sem ética e bagagem
Numa atmosfera que não utiliza a embreagem
Que reduza os intensos efeitos que surgem!
DE Ivan de Oliveira Melo