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Textos de Quarentena 2

 
Aprendizagem...

O bicho humano é estranho, humanamente estranho. Umas vezes aprende, outras recusa-se a aprender. Vejo todos os dias os relatórios sobre esta pandemia que nos afecta, sou quase obrigado a isso, e todos os dias sou confrontado com novas ideias, novos comentários, novas formas de enfrentar o medo de morrer, o tédio, a solidão. Música às janelas, jogos de quatro que passam a ser de cem (esta noite em Espanha jogava-se Trivial de varanda para varanda...), serenatas.
De repente deixaram de se ouvir tantas notícias sobre guerras entre homens, as imagens vindas do espaço dão nota de que a poluição está a diminuir drasticamente nos países mais poluidores, deixaram de existir as exageradas barreiras religiosas, clubistas, políticas (pese embora os excessos linguísticos de alguns líderes, daqueles que já nos habituaram a isso).
Os apertos de mão virtuais estão na moda, também os abraços e os beijos, aplaudem-se os profissionais da saúde, os bombeiros, os agentes da autoridade... até se aplaudem decisões governamentais, parlamentares e presidenciais.
Há a leve noção de que no futuro, seja ele quando for, as interacções sociais tendem a alterar-se e que temos de ajustar as relações consoante a herança que esta pandemia nos deixar.
Entretanto há um ponto comum a todos, sem quaisquer excepções, que tem de prevalecer nesse futuro, e esse ponto é a aprendizagem que tem de sair daqui, não a aprendizagem que levaremos quando tudo isto acabar, mas sim a aprendizagem que já começámos a ter, no dia a dia.

Em Dezembro tudo parece ter começado nas China, estamos em Março e nessa mesma China milenar a vida começa a ganhar uma certa normalidade, quer dizer, já há quem vá trabalhar, indústrias a abrir... foram, mal contados, quatro meses.
Portugal, por exemplo, teve o primeiro caso em Março, o que antevê uma primeira recuperação para daqui a três ou quatro meses, Junho ou Julho. Estaremos preparados? Não sei, mas acredito neste povo.

Mas volto à questão da aprendizagem.
Se existem tantas coisas que se podem manter como estão, e que são globalmente positivas, porque não começar já a acautelar as condições que permitam chegar lá?
Temos, neste momento, pouco tempo para implementar as medidas necessárias, e para as quais já temos o conhecimento, a que se mantenha a diminuição dos níveis de poluição (agora que os chineses recomeçaram a sua vida, lentamente, vamos esperar que sejam também os primeiros a mostrar do que são capazes). Que socialmente nos mantenhamos unidos. Que o lema de "um por todos e todos por um" seja finalmente adoptado como uma bandeira comum ao mundo inteiro.


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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