Não se ouve mais o barulho dos carros
Nem passos nas calçadas
E as vozes silenciaram
Com exceção dos pássaros
Que ainda cantam suas canções.
Em alguns lares o silêncio
De quem está mais sozinho do que nunca
E que não pode mais
Abraçar seus entes queridos.
Há um vírus
Que espalha o medo e a morte pelas casas
Sem escolha
Sem acepção de pessoas.
- Não saim nas ruas! - Eles gritam
E não se ouve mais os risos
E as músicas embalando esses sorrisos.
Lágrimas silenciosas
Em lugares solitários e frios.
Lá fora o vento sussurra nas folhas
Que caem das árvores
Isoladas e tristes.
Não há vida a salvo em lugar nenhum
Nem posso caminhar em meio a multidão.
Fileiras de esquifes
Com corpos solitários
Ceifados pela foice violenta da morte
Sem poder se despedir.
Quando vamos poder voltar às ruas?
Haverá outras oportunidades para os risos
Os abraços e as fraternidades?
Quando a tempestade passar
E o vento calmo soprar
Haveremos de ver, outra vez,
O sol raiar no horizonte.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense