Meu
nome
pousa
na tua
boca.
Antes de ti,
a platitude
na geografia.
No azul
das ilhas
celebrei
os trinta
e poucos anos
da alma
no corpo
e dois mil séculos
nas ondas astrais.
Não desperdicei
encontros.
A
maldade é imensa.
De onde veio?
Como se imiscuiu
no mundo?
De qual semente
nasceu? Quem
nos enganou?
Palavras
beneficiam
a primeira
passagem
da chuva
onde há
desertos?
Há
uma força
invisível
na
construção
do poema.
Estás
em cada verso
e no meu rosto
pela manhã.
Tuas mãos
no meu peito
e na sombra
do sexo ritual
nos finais
de domingo.
O corpo
desfigura-se
no olhar
do outro.
Há
desprezo?
Neste poema,
não esqueça.
És eterno.
Por
alguma
razão
és maior
nos meus
abraços.
.
Meus dedos
tocam atletas
com medalhas
de ouro.
Nas olimpíadas
nos despimos.
Invertemos sinais
no exílio da ignorância.
Não aprendemos
a desconstruir
a sintaxe
e a pontear
rimas raras.
Incendiamos
mortalhas.
...
Não trago lembranças
amargas.
Não me peças
para contar
o que passei.
Meus versos
é a melhor
herança.
Tantas foram
as sobras da vida
nas calçadas!
Tantos momentos
apertados
na tua mão
e no amparo
do corpo.
Agora posso
iluminar
caminhos.
Aprendi a ser
pássaro
na tempestade.
No dia
em que morri
havia sol.
Amávamos
sem a obrigação
de ser felizes
e proibidos
de pensar
em tudo.
No dia
em que morri,
continuavam
rotinas.
A brisa
soprava
no cansaço
do tempo.
Na solidão
algo se quebrou.
Meus olhos
seguiram
nuvens.
...
O poeta
transborda amor
em resposta
às palavras
dos homens.
Ninguém compreende
a energia
do afeto
no espírito
que se atira
no passado
e queima
amarguras.
No crepúsculo
indecifrável
és consolo
e martírio.
Grandes amores
não morrem.
O que é imenso
é eterno.
Perdoei
debaixo
da neve
que escondia
feras e rostos.
Não máscaras,
como querias.
...
Estranhas
criaturas
reconheceram
a túnica daqueles
que tocavam
o sexo de Zeus.
Quem avistou
humilhados
na revelação
do amor?
Sonhei outros sonhos.
Fingi a realidade que sempre
me negaste.
Encontrei
tua alma
em pedaços.
Nunca ficaste
em mim.
Contorno
a angústia
da primeira
noite sem luz.
As esquinas
arrastaram-me
para a infância.
Submeto-me
à loucura.
Não há oração
para redimir
abandonos.
Equivocados
nos deslumbramos
no recuo das marés.
No aconchego
dos abraços
encontrei
a única
forma
de olhar
para dentro.
Umbrais
devolvem-me
quem eu fui?
Sabes que não escrevo palavas deserdadas
no vento.
À distância
não tenho jeito
para desatar
laços.
Tu celebras
temporais.
Eu guardo
estrelas.
Não tenhas medo.
Devo amar
queira ou não.
O universo está
em cada ser.
Reconheça-se
nos outros.
O amor
tem forma
e volume.
O vento
tudo leva.
Escrevo
uma possível biografia.
Relato as horas
de alguém
numa viagem
pelo mundo.
Esse é o meu dom, sabias?
Não leve-me
a mal se não dou
pela tua ausência.
Há tanta ternura
na memória!
Nada em nós
é passageiro.
Se puderes,
observe delírios
e a lucidez
na espada
de Ogum.
Tudo
se resume
ao amor
em remissão.
As desculpas
da madrugada perduram até
a manhã seguinte.
...
Uma folha cai sobre ti e anuncia noites bem dormidas.
No meu destino
as palavras
soam além
das torres
nos castelos medievais.
Através delas
podes saber
das missões
no caminho.
...
O poeta
entrega-se
ao que sobrou
dos amores.
Abre os olhos
que ficaram
sete dias
longe do sol.
Arrasta
despojos
nos quintais.
Livra-se da ação
dos pensamentos
gravados no chão.
A alma demora-se
nas florestas
e, às vezes,
aventura-se
no deserto.
O corpo reclama
a companhia
de um poeta
que escreve
sonetos obscenos
por causa do odor
das musas
que roubaram
seu sono.
Descobriu
reflexos
dos retratos?
Um ao lado
do outro
sufoca
a solidão.
Poemas em ondas deslizam nas águas.