CACO DE VIDRO
Passo a passo passando o pé descalço:
Pé de moleque sobre o asfalto quente.
E o sangue corre grosso do inocente
Depois de vacilar um passo em falso.
No meio do caminho era um percalço,
Onde a ponta cortante e transparente
Rasgava a carne funda indiferente
De quem atrás de dádivas no encalço...
Decerto alguém, por pura pilantragem,
Fez quebrar as garrafas de caninha
Depois da madrugada em beberagem..
Tenso, o menino já não se continha.
Mas sempre vem alguém na malandragem:
-- "E quem mandou não ver onde caminha?!..."
Belo Horizonte - 15 03 2020
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.