Pela terra, no mar, entre o ar e o céu
Vou, sedento mortal, com minha pergunta :
Porque vivo, diz-me, porque vivo ?
Porque hoje retorna a visão,
Do amanhã, a lívida brancura ?
Morte, amor, vida.
A cada passo estão, como uma tocha
De estranha luminosidade,
Que derrama sua luz por meu peito.
E a pergunta que também é ferida.
Porque a morte me acena, em leito
de quietude a minha carne envelhecida ?
A maneira de viver intensa e profunda
É uma voz perdida no infinito
Que não encontra voz que lhe responda
E meu grito não alcança, a outro grito.
Pela terra, no mar, entre o ar e o céu
Não há nada que responda ?
Nada. Nada .
Que não haverá consolo.
Repito sem cessar. E na alvorada
Surge uma luz febril que de algum modo
Levanta a luz de minha existência.
Porque encontrar solução para tudo ?
Se melhor é a nostalgia, a angustia !
Rui Garcia