CIGARRO DE PALHA
Cheiro de fumo... Chove nos telhados.
Olho pela janela e vejo a moça:
Fumava na calçada junto à poça
Enquanto protegia seus guardados.
Tinha cabelos negros, ondulados,
Mas vi, pelo embornal, que era da roça.
Tentava se abrigar da chuva grossa.
Quando lhe olhei os olhos sossegados...
Ela sorriu p’ra mim encabulada
E eu lhe sorri de volta visto nada
Além de seu cigarro entre nós dois.
Porém, jogando a guimba na sarjeta
Foi-se embora na calma mais completa...
Nada disse, nem antes nem depois.
Betim — 23 01 2020
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.