salguei-te
porque te quero ao ar
palavra cheia
e sem querer dei-te o sabor,
o perfume a eternidade, sem querer
salguei-te
para te guardar do frio
e ignóbil, ignoto, palavra que incendeias
dei-te o calor,
a luz, o fogo, o ódio, o amor
salguei-te
para que dures, sejas as cores do infinito,
palavra crua,
dei-te o sal que não tenho, dei-te o querer
em que acredito.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.