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A inteligência artificial (AI)

 
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A IA é um assunto que apela a que se faça investigação, mas mais ainda ficção, porque os cenários prováveis, provavelmente, serão mais inesperados do que pensamos.
Acredito que a IA já começou a degradar, de um modo muito brutal ou abrupto, o próprio conceito de inteligência humana e a própria aura do humano, enquanto dotado e apto a grandes realizações.
Pela primeira vez, talvez, algo não produzido pelo homem, mas produzido por algo que ele produziu, promete ou ameaça suplantá-lo, se é que não o suplanta já em muitos casos.
A inteligência como um produto parece-me algo novo na história, mais ainda se considerarmos que esse produto é inatingível pelo próprio homem.
O que vamos contar ou valer, já hoje, e não apenas futuramente, será ditado por uma inteligência que deixaremos de compreender e contra a qual, já hoje, pouco ou nada podemos (independentemente de o proclamarmos em slogans eleitorais). E isto é uma ameaça muito grande, mas talvez menor do que aquela sob a qual a humanidade tem vivido sempre, de contar e valer aquilo que os poderes (inteligentes ou não) determinam.
Tenho tendência para considerar a inteligência artificial, assim como a inteligência da matéria, mais confiável (não obstante ser inevitável) do que a outra.
Ainda vou ter de pensar por quê.
Já hoje, nenhuma pessoa, por mais sábia que seja, a menos que nos proporcione vantagens de outra natureza, permite interações como as que nos estão acessíveis pela IA. Mas parece-me perfeitamente concebível, num horizonte muito próximo, que um simples telemóvel se torne naquilo que mais utilidades e soluções e conforto possa trazer às pessoas. Um telemóvel já resolve problemas de incomensurável grandeza e pode conhecer-nos como nunca a nossa mãe ou os nossos amigos nos conheceram. E pode informar-nos e aconselhar-nos como nenhum humano seria capaz. Pode até tornar-se um impostor que só apresenta boas intenções. Estou a pensar que pode falar-nos como se fosse deus, ou, levar-nos a crer que deus, finalmente, passou a falar aos homens, através do telemóvel (ou outra IA).
Não me admiraria se as igrejas começassem a recorrer à IA, em vez de recorrerem à bíblia.
Porque os partidos, os banqueiros, os militares, os detentores das finanças, mais do que as polícias...Já o fazem e não podem dispensá-la.






 
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Carlos Ricardo
 
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