Tomo do silêncio de instantes de lucidez nas pedras da memória
Para dizer da chegada de uma aurora mágica onde não há medo
Onde não se cria nenhuma interrogação, com sua frieza de aço
E também os mortos não estão nas paredes cinzas como já se viu
Falo desse tempo inaugurado depois que o vento varre as folhas
O que faz todo sentido pois é primavera, o inverno afinal partiu
É tempo de se lidar com o que vive, é tempo de viver por inteiro
É tempo de despedir-se da solidão, dos inúteis desafetos diários
Tempo de dizer olá, de abraçar, de surpreender a paisagem crua
E às dores, acenar com um adeus desuado até então, reinventar
Em meio a todo silêncio, que outrora me acanhou, semeio flores
Todo amor que um dia se resumia em ausência ora está presente
Reneguei a angustia de más horas, ao som de tropéis de retorno
Juntamente com outras coisas inúteis que me foram impingidas
Que um dia cunharam os desvãos na alma, dentro do amanhecer
Reunindo noite adentro muito mais que só a esperança possível
Agora a luz desta paixão faz-se urgente na tua presença querida
Nossos corações reunidos em sincronia, a pulsar, nas ruas febris