Ouço a noite em leve sussurro
Num murmúrio suave e lento
Quase cantado, encantado
Sinto no medo que empurro
Uma curta fria brisa de vento
A parir silêncios no meu fado
As mãos entorpecidas doem
E enrugam o tempo que passou
Neve e cinzas cobrem o chão
Os pensamentos ainda moem
Ao crucificar quem assim amou
E vendeu a alma em perdição
As árvores choram entre si
A queda da última folhagem
E renascem dos troncos nus
Tal qual as crianças que ali vi
A brincar na outra margem
Nessa triste noite sem luz
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma