Parte I: O " Amor Velho"
Eram duas entidades primordiais:
Kháos e Gaia. Nem mais um til.
Tudo era vazio, feio e frio demais
Quando, dum impulso, Eros surgiu.
Era Eros dotado de uma rara beleza.
A Divindade Celestial tinha um plano.
Do broto do desejo das suas profundezas
Terra-Gaia gerou o Céu, chamado Urano,
Cuja única atividade e objetivo era sexual.
Passava todo o tempo deitado sobre Gaia.
Assim sendo, a Terra sempre engravidava,
Mas na noite contínua, Gaia gerava mal,
Pois o Céu mantinha uma forte persistência.
Gaia não podia dar à luz aos seus rebentos.
Urano sobre ela durante todo precioso tempo
Não deixava espaço algum para outra existência.
Então Krónos, ainda dentro do materno útero,
Decidiu enfrentar a insatisfação do Pai Celestial:
Com uma foice, dada pela mãe, cortou o órgão sexual
Do Céu quando este penetrava Gaia: Ouviu-se o urro
Que ultrapassou os muros, montes, colinas e as serras,
Obrigando o Céu a se separar de Gaia, a Mãe-Terra,
O que, para ela, foi um voluptuoso e majestoso alívio.
Abriu-se o espaço para que nascessem todos seres vivos.
Parte II: O "Amor Menino".
Krónos atirou o membro paterno nas águas do mar
Cujo esperma misturou-se a marítima e leve espuma
E dessa combinação pudica, única, mágica e espetacular
Nasceu Afrodite, ou no latim vulgar, Vênus, a deusa una.
Feliz da vida ficou a Terra, também chamada de Gaia.
Afrodite, ao sabor das ondas espumosas, chegou à praia.
Dos seus rastros na areia, das suas pegadas, se não exagero,
Nasceu o Cupido, Nasceu o Amor, O menino cego, Eros.
Gyl Ferrys