As ruas arcadas e cansadas
Arrumadas às paredes alvas
Soletram todos os raios de sol
Entre elas discutem caladas
As boinas nas cabeças calvas
E o constante odor a álcool
As mil curvas e contra curvas
Que os pés fazem ao tropeçar
Numa calçada sempre direita
São certeza do calor das uvas
Da sua ténue essência secular
Ao tornar a vida quase perfeita
As tortas chaminés cospem fumos
Tirados ao audaz lume de chão
Que tempera os últimos enchidos
O tirano vento muda os rumos
Desse rico fumaréu sem perdão
A troçar dos humores esfaimados
O castelo sentado ao fundo
Apazigua as línguas afiadas
Que desdenham dos passos
E redesenham todo o mundo
Com prazer nas faces coradas
Riem e choram entre abraços
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma