Poemas : 

O delírio do Natal e das Festas Boas

 






Corre nos telhados a noite branca.
Dentro dos lares dançam cabeças e corpos desgovernados.
Trajam de vermelho e ouro espantados.
As bocas enchem-se de desmaiados risos.
Como padecidos pedaços de espelho.
Mortos de amor. De amantes. De Humanidade.
Nas salas, mergulha o perfume de cravo sôfrego.
Porque se sente o vento frio a cirandar nas palavras com ranço.
Como vão pesadas, as cabeças afundam-se em névoas azuladas.
Enquanto as mãos se incendeiam nas testas.
E, os dedos quebrados pela solidão,dobram-se
na busca de ideias de ideal.
Durante o meio tempo das crianças, as taças juntam-se.
Com a jovem água abstracta que adormece a melancolia.
Enche-se o espaço de astros para tocar no tempo passado.












Zita Viegas















 
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atizviegas68
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 24/12/2019 14:57  Atualizado: 24/12/2019 19:08
Usuário desde: 06/11/2007
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Mensagens: 2123
 Re: O delírio do Natal e das Festas Boas
Enchemos as crianças desde cedo do ter e do ter mais.
Natal, para mim, só voltará a ser quando excluirmos da equação algo omnipresente:
As prendas.
Mais do que uma noite para celebrar a família, a caridade e um certo espírito cristão de amor ao próximo e fraternidade, hoje em dia, em vez do menino, celebramos o velho, de vermelho e incentivo ao consumo.

Juntar dinheiro para oferecer e receber.

Perde-se o tempo um ano inteiro a instaurar o egoísmo, a competitividade selvagem, o olho por olho.
É duma hipocrisia atroz.

Mas vá, vamos fingir uma vez por ano. Senão nem isso.

Poema duro, cheio de imagens desalentadas, desmaiadas, e brilhantes ou doiradas.

Posso ter feito uma leitura um pouco pessimista, mas acho que a ideia é clara, com poucas segundas interpretações.

Mas invariavelmente bem escrito.

Como tu bem sabes, aliás.

Abraço.

Feliz dia novo