Poemas : 

habitar o habit(u)ar

 
Cria raízes
mas não é árvore,

é a repetição do gesto que se renova,
indigesto resto, a cada prova,

acção sem acto.

É.

E, como o espinho no cacto,
calo sem protesto,
nem pensar

anda andando
sem ver o caminho.

Vai.
Sem parar…


[um passado presente futuro. declino esse retorno que me foge da memória. a fuga do pensar e do ser. com que mão começas por apertar o atacador do sapato? e por qual pé? são sempre duas perguntas que me faço, por hábito. e porquê? a memória ainda a reconheço como um esforço mental para regressar. e esse outro regresso, incessante? a economia neuronal é absolutamente necessária para a sanidade mental, mas deixa-me sempre com dúvidas acerca do momento. quantas vezes deixei a esse ser que me habita, fazer? nem faço a menor ideia, já, com que dedo puxo o trinco de cada porta...]


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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