Quisera eu, que este meu pouco tempo
fosse tanto do meu desejar
e que o voo das gaivotas
fosse a eternidade do meu sonhar,
que os muros da inquietude
se pintassem com os sorrisos do luar,
e os cansaços de desânimo
se vestissem de fantasia
em oásis de felicidade!
Quisera eu, que este mundo
onde nos desassossegamos
se fizesse crisálida
metamorfoseada borboleta colorida,
e que as montanhas altivas
afogassem a sua arrogante imponência
nas águas cristalinas dos riachos
que se passeiam pelos vales da igualdade!
Quisera eu tanto de improvável,
que me acolho humildemente
à minha insignificante presença
entre os meus semelhantes,
embora, alguns, surreais sonhadores
imbuídos de eternos anseios,
recusem reconhecer que,
em boa verdade, são, somente,
passageiros de um carrossel
de loucos, poetas e outros
José Carlos Moutinho
16/11/19